As Biometrias Suaves (Soft Biometrics), também conhecidas como Biometria Sutis, ganharam destaque nos últimos anos devido aos avanços nos processos de identificação biométrica. Entre essas biometrias suaves, o conjunto de características como cicatrizes, marcas e tatuagens (cicatrizes, marcas e tatuagens – SMTs) tem sido cada vez mais utilizado em processos de identificação.
Especificamente no contexto de identificar infratores de crimes sexuais envolvendo a produção de material pornográfico, o uso de SMTs tem se mostrado relevante. Isso ocorre porque, em imagens de abuso sexual infantil, por exemplo, é comum que o criminoso evite mostrar seu rosto, deixando partes específicas do corpo, como o dorso das mãos, expostas. Essas características podem fornecer pistas importantes para auxiliar na identificação e captura dos perpetradores.
Nesse sentido, os Papiloscopistas Policiais Federais do NID/DREX/SR/PF/MA, em colaboração com o INI/DPA/PF, estão conduzindo pesquisas para desenvolver uma abordagem baseada na metodologia ACE-V (análise, comparação, avaliação e verificação) para a comparação forense de imagens do dorso das mãos. A aplicação da metodologia ACE-V para a análise das características do dorso das mãos é uma iniciativa interessante, pois pode fornecer uma ferramenta adicional para a identificação e comparação de indivíduos em casos de abuso sexual infantil e outros crimes em que outras partes específicas do corpo não são evidenciadas. Ao seguir a metodologia ACE-V, o perito em identificação pode realizar uma análise detalhada das características do dorso das mãos, comparar as imagens válidas e avaliar se elas pertencem à mesma pessoa.
Nesse ínterim, a comparação forense de imagens do dorso das mãos pode ajudar a determinar se as imagens são realmente de uma mesma pessoa, contribuindo para a robustez da investigação e ações legais relacionadas a esses crimes. Essa abordagem pode ser uma valiosa adição às técnicas de análise forense já existentes, ampliando as opções disponíveis para os peritos e auxiliando na busca por justiça. Além disso, essas pesquisas também destacam a necessidade de melhorar as práticas envolvidas nesse campo específico da análise forense da biometria suave do dorso das mãos. Como é um campo ainda em desenvolvimento, é fundamental continuar a pesquisar e explorar novas abordagens para aprimorar os métodos e técnicas utilizadas.
Parte desses resultados foram compartilhados durante a Semana Nacional da Papiloscopia 2023. O evento foi realizado em Brasília dentro do edifício Sede da Polícia Federal, planejado pela SAOP (Setor de Apoio ao Papiloscopista) e recebeu amplo apoio da ABRAPOL. Esse evento apresentou-se em sua envergadura, pois possibilitou o compartilhamento e divulgação de conhecimento científicos produzidos pelos PPF’s a todo o campo das Ciências Forenses.
À frente das pesquisas estão os PPF’s Joandson Bata dos Santos, Felipe Silva dos Santos (NID/DREX/SR/PF/MA) e Cyntia Larisse Silva da Fonseca (SEPAP/DCRIM/INI/DPA/PF), estes destacam que essas melhorias e possíveis novas abordagens podem contribuir para o avanço da Análise e Ciências Forenses, fornecendo resultados mais precisos e esperam que esses estudos possam produzir impactos positivos nas investigações criminais dessa natureza.
“Como resultado das pesquisas tem se mostrado promissores, estes foram submetidos para apresentação na Conferência Educacional Anual da IAI (Internacional Association for Identification), sendo aceito. Agora, além da pesquisa atingir o público da PF, também será publicado em um evento de grande impacto e poderá ser observado pela comunidade internacional de pesquisas em biometrias forenses”.