Durante o 12º Seminário da Qualidade e Segurança em setembro, o papiloscopista e chefe do Núcleo de Identificação da Polícia Federal, Julius Bomfin destacou a relevância da cooperação entre empresas e forças de segurança na prevenção e investigação de crimes, especialmente em áreas aeroportuárias e de carga.
PPF Julius esclareceu que, apesar de sua atuação diária ser focada na identificação humana, como impressões digitais e reconhecimento facial, ele compreende o papel crucial que o setor privado desempenha no combate ao crime. Segundo ele, a troca de informações entre empresas, como companhias aéreas, e as forças policiais é essencial. “Restringir informações só favorece o criminoso. Precisamos fazer o contrário: compartilhar”, afirmou.
Ele também mencionou a importância de novas tecnologias, como a inteligência artificial, que já tem sido aplicada no combate a crimes como tráfico de drogas e roubo de cargas. No entanto, Julius ressaltou que, enquanto essas ferramentas não estão amplamente disponíveis, cabe aos profissionais do setor manterem atenção às atividades suspeitas e comunicarem de forma rápida e eficiente às autoridades competentes.
Outro ponto crucial abordado foi a preservação do local de crime. Julius enfatizou que, muitas vezes, na ânsia de descobrir o que foi roubado ou como o crime aconteceu, as pessoas acabam contaminando a cena, dificultando o trabalho pericial. “Preservar e isolar o local de crime é fundamental para que possamos coletar as evidências e provar que o criminoso esteve ali”, explicou.
Por fim, ele destacou a importância de seguir procedimentos padrões, como o isolamento da área, até que a polícia possa atuar, e elogiou a parceria com empresas como a Azul, que sempre colaboram em operações conjuntas.
A palestra reforçou a ideia de que a integração entre empresas, Polícia Federal, Polícia Civil e outros órgãos de segurança é essencial para garantir a efetividade das ações de segurança pública no país.
Tendo mais uma oportunidade de fala, o PPF Julius compartilhou uma experiência marcante envolvendo o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante sua visita ao Brasil na Copa das Confederações, época em que Biden ainda fazia parte do governo Obama. O Perito em Identificação Humana destacou como trabalhou ao lado do serviço secreto americano e percebeu a diferença nas abordagens de segurança entre os dois países. Ele apontou que, no Brasil, há uma cultura de subestimar riscos, como a possibilidade de atentados terroristas em aeroportos, algo que considera perigoso.
A reflexão foi ampliada ao contexto político atual, onde já houve tentativas de assassinato e atos violentos. O PPF enfatizou que, em certas circunstâncias, o risco de incidentes aumenta consideravelmente, como quando políticos influentes estão presentes. “Vivemos mal acostumados, achando que nada vai acontecer, até que um incidente grave ocorre e só então começam a tomar medidas,” disse ele.
Além da segurança pública, a conversa incluiu o papel crucial que empresas privadas podem desempenhar. O PPF Julius mencionou que, ao adotar uma cultura robusta de segurança, as empresas não apenas protegem seus funcionários e clientes, mas também previnem a infiltração de criminosos em seus quadros. “Hoje, organizações criminosas como o PCC e o Comando Vermelho estão educando seus membros para se infiltrar em instituições como empresas aéreas, Polícia Civil e até no Ministério Público.”
Ele também abordou a crescente importância da inteligência artificial e do reconhecimento facial na prevenção de crimes em aeroportos e outras áreas críticas. Com a utilização de câmeras inteligentes, por exemplo, é possível detectar comportamentos suspeitos antes que ocorra uma tragédia, como no caso de potenciais suicidas em estações de metrô.
Finalizando sua fala, o PPF enfatizou que a tecnologia, embora vital, não substitui o olho humano em investigações. Sistemas avançados podem identificar suspeitos e levantar alertas, mas a análise final deve ser feita por especialistas que possam distinguir nuances que as máquinas não captam. Ele exemplificou isso ao comentar que, em casos de reconhecimento facial, sistemas podem confundir gêmeos idênticos ou pessoas parecidas, sendo o olhar pericial essencial para determinar a identidade correta.
A discussão terminou com um alerta: “Não devemos esperar que algo grave aconteça para tomarmos as devidas precauções. A prevenção sempre será o melhor caminho.”
“A ABRAPOL cumprimenta o colega PPF Julius pela magnífica participação na Seminário e se orgulha com sua competência e desenvoltura nos assuntos em pauta” ( PPF Régis – Presidente da ABRAPOL )
Confira o Vídeo do Seminário, você pode conferir a participação do colega a partir de 2h53min CLIQUE AQUI